Alicerces antigos recebem templo moderno
D. António Marcelino presidiu no dia 21 de maio de 2005 à cerimónia da bênção e dedicação do altar e da igreja matriz, depois das obras de restauro por que passou e que ultrapassaram os dois milhões de euros. A remodelação foi profunda e denota bom gosto, o que valoriza ainda mais a sobriedade que marca todo o conjunto, com a bonita e primitiva imagem de Nossa Senhora da Nazaré a sobressair na decoração fronteira da capela-mor, de talha dourada.
No momento da bênção, o nosso bispo lembrou a importância do altar, ao sublinhar que «a dádiva de Cristo, a eucaristia», parte dele. Também recordou o significado da mesa da Palavra, o ambão, e do sacrário, para adoração do Santíssimo Sacramento e para recolhimento.
«Um templo sagrado não é uma casa qualquer», disse D. António, que enalteceu também a beleza conseguida pelo pároco, Padre José Fidalgo, e seus mais diretos colaboradores, salientando que «Deus tudo merece». E acrescentou: «O Padre José Fidalgo fez tudo com muito amor.»
O Bispo de Aveiro realçou o mérito de ter sido recuperada a traça inicial da igreja matriz. Louvou, ainda, todo o toque «de arte, amor, perfeição e beleza» posto nas obras de restauro deste templo, numa perspetiva de melhor «servir uma paróquia com a dimensão e a importância que tem hoje a Gafanha da Nazaré».
Ao dirigir-se às autoridades presentes (Governador Civil, Filipe Neto Brandão; presidente da Câmara de Ílhavo, Ribau Esteves; e presidente da Junta de Freguesia, Manuel Serra), D. António frisou o bom relacionamento com todas elas, «como não podia deixar de ser», referindo que «a Igreja de Deus é um projeto sempre em construção», e que «o Senhor é louvado, na medida em que O servirmos, servindo os outros».
Para o Padre José Fidalgo, a construção de paredes é tarefa normalmente fácil. Importante é mesmo seguir o mandamento do Senhor, «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei», para que nesta terra [Gafanha da Nazaré] «não haja divisões nem querelas», disse.
Adiantou que as enormes despesas do restauro da igreja matriz foram suportadas pelo povo, não deixando de apelar ao Governo e às autarquias para que ajudem de forma mais significativa, porque «o dinheiro nas nossas mãos cresce mais». O templo e o complexo anexo inserem-se «num projeto — frisou o Padre Fidalgo — de construção de uma comunidade verdadeiramente humana, nas vertentes cultural, social e religiosa».
Alicerces antigos recebem templo moderno
A igreja agora restaurada assenta na primitiva, que foi inaugurada em 1912. No fundo, para quem olha, trata-se de um templo novo, tal é a magnitude das obras levadas a cabo. Foi respeitada a traça original, com realce para a torre sineira e para a cor branca, tão típica da região das Gafanhas. O arco maior, que separa a nave principal da capela-mor, é da primeira igreja.
O corpo do templo apresenta-se bem decorado, garantindo espaço para 500 pessoas sentadas. O material utilizado, granito e madeiras de qualidade, via-sacra que casa bem com todo o ambiente, vitrais e iluminação funcional mostram o cuidado colocado neste projeto, que há de perdurar no tempo.
Um elevador servirá idosos e deficientes e a escadaria exterior, com alguma imponência, empresta uma certa beleza à frontaria da matriz da Gafanha da Nazaré. O adro, de granito e com grades, e ajardinado lateralmente, acolhe a estátua da padroeira, de bronze.
Há dois auditórios, salas diversas, para catequese e reuniões, cartório paroquial, sala de audiovisuais, gabinetes, sacristia e sanitários. Como curiosidade, registe-se a existência de uma sala, ligada à nave central, alimentada por um circuito interno de televisão, sobretudo para os pais com filhos mais barulhentos poderem continuar a participar nas cerimónias.
O templo possui aquecimento central, aparelhagem sonora afinada e um órgão de boa qualidade. A capela do Santíssimo ocupa um espaço lateral, resguardado, que convida à meditação. Como pormenor a destacar, há o brasão da paróquia em diversos locais, nomeadamente nos bancos, com as marcas do povo que tem feito a Gafanha da Nazaré, através dos tempos, ligado ao mar e à agricultura.
Fernando Martins
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