quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Cortejo dos Reis — 7 de janeiro

(Foto do meu arquivo)

Importa mostrar bom gosto na festa do Cortejo dos Reis

Perde-se no tempo o dia e ano em que se realizou o primeiro Cortejo dos Reis na Gafanha da Nazaré, com figurino semelhante ao atual. Sabe-se, isso sim, que há mais de100 anos, antes da paróquia e freguesia existirem, os ofertantes se dirigiam, sem qualquer indumentária especial, para a igrejinha, na Chave, que foi a primeira matriz da nossa terra, antes da conclusão do atual templo, inaugurado em 14 de janeiro de 1912. Não havia, portanto, qualquer cortejo, mas não faltava, certamente, a cerimónia da adoração do Menino-Deus, com um beijo carregado de ternura. 
Posteriormente, por razões pastorais ou outras, o cortejo surgiu, impondo-se à comunidade, até ao presente, em data que ainda não conseguimos apurar com rigor. As várias gerações assumiram o cortejo como festa que se foi enriquecendo com entusiasmo, envolvendo toda a gente, direta ou indiretamente. Os autos natalícios, com reis montados a cavalo, pastores, cantares e danças, a raiva do rei Herodes, e a entrada de todos na igreja, figurantes e povo, entoando lindíssimas melodias, culmina com a adoração devida ao Rei dos Reis, Jesus-Menino, o nosso Salvador. 
Depois, é a vez do leilão dos presentes, que o Menino, na sua santíssima humildade, oferece à comunidade que o adora. Não para gastos sumptuosos, mas para as despesas próprias de uma paróquia que aposta em levar à prática a Boa Nova de Jesus Cristo, o mesmo que deu a vida por todos os que creem ou não creem. 
O cortejo, como já se percebeu, nasceu sem rasgos empolgantes, mas não deixou de se adaptar às diversas épocas. E se nos primeiros o transporte dos presentes se fazia em carros de vacas ou bois, posteriormente entraram carrinhas, camionetas, atrelados e até carros puxados pelo povo, ornamentados ou não. Importa, agora, beneficiar o cortejo, com marcas artísticas de bom gosto, sem faltarem os trajes de outras épocas e profissões. Aí, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré pode dar sugestões, para que os figurantes se apresentem com algum rigor. E não há inúmeros jovens de todas as idades com tanto talento? É um desafio que lhes deixamos.

Fernando Martins

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