segunda-feira, 27 de março de 2017

"Cantar das Almas" — 2 de abril



No final da Via Sacra (15h)  do próximo Domingo, dia 2 de Abril, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré vai brindar-nos, durante 15 minutos, com o “cantar das almas”, tradição que nos foi legada pelos nossos antepassados. 

Um pouco de história

Durante a noite, um grupo de homens e mulheres andava de casa em casa a cantar pelas almas do purgatório. Entrava apenas nas casas que abriam a porta da Sala do Senhor, onde um crucifixo o recebia, com toda a família presente. O crucifixo estava em cima de uma cómoda, enfeitada com flores e duas velas, que nesse dia se apresentavam acesas.
O grupo era constituído por quatro homens e alguns acompanhantes, outros homens, mulheres, jovens e crianças. Eu próprio participei quando era criança. Um levada o painel das almas à frente e três, com a opa da irmandade, apresentavam-se com uma cruz e duas lanternas acesas. Eram as únicas luzes que iluminavam os caminhos escuros e lamacentos da nossa terra. 
Dentro das casas cantavam e rezavam, mas também recebiam esmolas em dinheiro ou géneros. A receita total era encaminhada para a celebração de missas pelas almas do purgatório. 

Algumas quadras 
do "Cantar das Almas"

Joelhemos nós im terra
Já nusêmos os premêros
Nossa companhia banha
Jesus Cristo berdadêro.

Atromantadas de dôras
De contínu padecer
Assim são nas almas santas
Nu Prugatório arder.

Das almas do Prugatório
É bem que nos alembremos
Nós havemos de morrer
Sabe Deus par donde iremos.

Ó almas santas benditas
Pedi ó Nosso Senhor
Qu’este nosso oração
Seja im bosso loivor.

Nota: Quadras do livro “Gafanha de Nossa Senhora da Nazaré”, de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins

Fernando Martins

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